THAIS UEDA
Ao buscar em suas raízes biográficas relações com a cultura oriental, Thais Ueda trabalha elementos da paisagem tais como céus, nuvens e montanhas. Para a artista Laura Lydia, os desenhos de Ueda contemplam espaços de possibilidades infinitas, dos lugares silenciosos. As aguadas e os traços de nanquim, seguros e fluidos, são convites para meditação, como pausas no cotidiano frenético e ruidoso da vida contemporânea. Estar em silêncio para entender o mundo, de fora e de dentro, a partir de uma escuta sensível e potente. Só o silêncio escuta.
Desse modo, imersos na atmosfera silenciosa, referenciais do oriente e ocidente estabelecem um diálogo. A influência da caligrafia japonesa no trabalho de Thais Ueda, por meio do uso do pincel como instrumento de desenho e do jogo monocromático entre tinta e pincel, possibilita conexões com a memória e une temporalidades em uma mesma superfície, permitindo o encontro de uma prática tradicional com a subjetividade da artista do tempo de hoje. Como nota a curadora Eugenia Gonzalez, o pensamento associado à caligrafia se opera muitas vezes, no trabalho da artista, como veladuras de sentido: da mesma maneira que as informações são encriptadas dentro da estrutura de um programa, há camadas de significações que se circunscrevem em todo o processo.
Os desenhos de Thais Ueda, se não trazem a rigidez das imagens nem o preciosismo no detalhe, trazem o sentimento, o espírito do artista que se completa com o olhar do observador, como aponta o artista visual e professor Eduardo Vieira da Cunha. Desse modo, segundo Vieira, o ato de pintar de Ueda dá a impressão do trabalho estar permanentemente sendo construído, tornando o desenho e a pintura um entre, com pinceladas e gestos que flutuam. Mais uma vez, o silêncio e o vazio seriam preenchidos de significados, onde o aleatório e o acaso reorganizam o espaço.