Queria ter tempo para ser artista, arquiteto, médico, cineasta, escritor, matemático, músico, tantas coisas. A existência é rápida. Então busco verter meus anseios num mesmo evento. Sou uma parcela de um mundo que se oferece à nossa percepção como sujeito que contém e é contido. Trabalho com arte. Minhas mãos são ferramentas; minhas ferramentas, numa extensão do meu pensar.
Gosto do tato, de modelar com o barro, de transferir as cores para superfícies, de transformar a matéria em imaginação. Uma mancha de tinta pode ser veículo de muitas informações que refletem realidades conhecidas e ocultas. Colocar sentido nas coisas é um destino essencial na existência humana.
Para pensar e realizar meu trabalho me interessam as formas, as expressões, as luzes, as sombras, o rompimento de fronteiras, as relações de convivência entre as peças. Essas proximidades, explicitas ou subjetivas, são como módulos que agrupam semelhanças, contrastes, cores… num acúmulo de tinta, de argila, ou de objetos. São aspectos que quero transmitir na tarefa de me identificar e comunicar com o mundo que habito.
Luiz Felkl
maio de 2022