Ocre Galeria inaugura exposição comemorativa aos 45 anos de atividade artística de Teresa Poester no dia 03 de junho

  Em “Furta-Cor, de volta aos jardins – desenhos de Teresa Poester”, a artista exibe desenhos inéditos, feitos no seu atelier na França, para o espaço da galeria

Jardins de Eragny, 2023, técnica mista, 150 x 200 cm, uma das obras que integram a exposição.

No ano em que comemora 45 anos de intensa e contínua produção artística, Teresa Poester inaugura sua mais nova exposição, a primeira na Ocre Galeria, no próximo dia 03 de junhodas 11h às 14h, na Rua Demétrio Ribeiro, 535, Centro Histórico de Porto Alegre. Intitulada “Furta-Cor, de volta aos jardins – desenhos de Teresa Poester”, a mostra apresenta trabalhos inéditos, em grandes dimensões, feitos no atelier da artista, na França, pensados como uma instalação para a montagem neste espaço.

A homenagem da Ocre Galeria às quatro décadas e meia de dedicação à arte e à docência, no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de Teresa Poester se soma a outro relevante marco, o lançamento em breve do livro “Percurso do Artista – Teresa Poester – Até que meus Dedos Sangrem”, pela Ufrgs Editora. A obra impressa reúne textos críticos, imagens e uma entrevista ao crítico Eduardo Veras, curador da exposição “Até que meus dedos sangrem”, realizada na Sala João Fahrion, no prédio da Reitoria entre setembro de 2019 e março de 2020, e organizador do livro.

A expressão “furta-cor”, escolhida como título para a exposição, segundo a artista visual, não se refere, apenas, às alterações de tonalidade conforme a luz que se projeta sobre a cor, mas, também, “às cores furtadas de um mundo ameaçado que amanheceu cinza”. Podemos pensar numa alusão ao período de isolamento social e às muitas dificuldades que assolam o mundo nos últimos anos. Já a expressão “de volta ao jardim” prenuncia, com algum otimismo, um novo momento que se contrapõe aos dias cinzentos de confinamento, com a chegada da primavera e, com ela, a volta das cores. Ao mesmo tempo, faz referência às exposições anteriores, como “La nature du geste” em Paris, em que retratou os jardins de sua residência em Eragny sur Epte. Teresa conta que encontrou em Éragny a paisagem que tinha guardada na memória da infância e que esse cenário rural a influenciou muito. Acrescenta ainda que, certamente, seu trabalho seria completamente diferente se não tivesse descoberto esse lugar.

Sobre o seu processo criativo, Poester afirma que não segue a um projeto preestabelecido. Não faz um esboço prévio. Seu desenho se faz fazendo.  –  É um exercício de imprevistos, durante todo o tempo, lidando com a sorte ou o azar, ou seja, o acaso. Mas é também muito racional, porque saber lidar com este acaso, saber aproveitá-lo ou não a favor do resultado final, exige do conhecimento intelectual, argumenta.

– Eu queria que esta exposição tivesse um cunho um pouco mais figurativo. Uma exposição para mim é uma instalação e uma ideia. E essa eu gostaria que remetesse à ideia de jardim, de uma forma poética, explica a artista. Para isso, ela recorre às diferentes técnicas, como desenho, fotografias, gravuras, em uma sobreposição de procedimentos. Inquieta e incessante, ela segue investigando os limites do gesto no desenho.

“O trabalho de Teresa Poester não se resume ao desenho. Desde o final da a década de 1970, ela vem se arriscando em outras linguagens, como a pintura, a fotografia, a gravura, o vídeo, a instalação, a performance, além da cenografia e da arte postal. Como professora do Instituto de Artes, contribuiu para a formação de gerações de jovens e desenhistas”, destaca o crítico  Eduardo Veras no livro sobre o percurso da artista. Prova disso é o trabalho que ela vem realizando, desde 2011, junto ao Atelier D43, coletivo formado por ela, Alexandre Copês, Caju Galon e Kelvin Koubik que investiga as possibilidades do desenho face às tecnologias e linguagens artísticas contemporâneas sobretudo a performance e o vídeo. A pesquisa coletiva persegue, também, sua linguagem experimental e, no caso do Atelier D43, já resultou em uma residência de um mês na França, em 2016, em inúmeras mostras e premiações. Teresa afirma que esta experiência aprofundou sua pesquisa sobre o gesto no desenho e a prática do vídeo, a qual ela vem se dedicando nas últimas décadas.

Poester comenta que essa interação com outras pessoas é sempre importante para a sua investigação, porque o trabalho de ateliê é solitário e as trocas resultantes destes processos são sempre benéficas. “A crítica é decisiva para que possamos avançar. (…) Trabalhar em grupo é também um modo de lidar com o imprevisto que o outro apresenta”, aponta a artista no livro.

A exposição “Furta-Cor, de volta aos jardins – desenhos de Teresa Poester” permanece em cartaz na Ocre Galeria até o dia 1° de julho de 2023, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h30min. A entrada é franca.

Sobre a Teresa Poester

Teresa Poester nasceu em Bagé e começou sua trajetória artística em Porto Alegre, cidade em que morou desde criança, quando mostrou seu trabalho pela primeira vez há 45 anos. O desenho gestual combinado a linguagens contemporâneas é o centro de suas múltiplas atividades. Desde os anos 80, realiza individuais no Brasil, na Argentina, na Espanha, na Bélgica e na França, obtendo premiações em desenho. Em 1986, vai estudar pintura em Madri e, em 1998, começa seu Doutorado em Paris, Paris 1-Sorbonne. Desde esse período, mantém atividades no Brasil e na França. Foi professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, por mais de 20 anos, criando o Atelier D43, grupo que combina desenho, performance e vídeo e que trabalhou no espaço Anis Gras, na periferia de Paris, em 2016, quando a artista realizou seu pós-doutorado e foi professora de desenho na Universidade de Picardie Jules Verne, em Amiens. Vive entre Eragny-sur-Epte, zona rural, distante à uma hora de Paris, e Porto Alegre.

O Quê: “Furta-Cor, de volta aos jardins – desenhos de Teresa Poester”, exposição comemorativa aos 45 anos de trajetória artística de Teresa Poester

Onde: Ocre Galeria | Rua Demétrio Ribeiro, 535, Centro Histórico de Porto Alegre-RS

Período: Abertura dia 03 de junho de 2023, sábado, das 11h às 14h. Visitação de 05 junho a 1° de julho de 2023, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, das 10h às 13h30min.

Assessoria de Imprensa: Silvia Abreu (MTB 8679-4) | 24/05/23 | Fone: +55 51 98632.0145

FURTA-COR

de volta aos jardins – desenhos de Teresa Poester



Se furta-cor significa as múltiplas tonalidades que se transformam conforme a luz projetada sobre elas,

o título foi também escolhido por Teresa Poester como referência às cores furtadas de um mundo ameaçado que amanheceu cinza.

São trabalhos inéditos, feitos no seu atelier da França, alguns bem recentes pensados para a montagem neste espaço.

Desde onde se olham os jardins?

A busca desse lugar surge de uma necessidade de repouso, uma falta de ar, um desejo de luz.

Estar à janela ou sair de um espaço fechado em busca de um lugar aberto, colorido.

Janelas através das quais Teresa vislumbra os jardins por onde passa, onde sua alma possa respirar.

Janelas através das quais Pissarro pintava os jardins de sua casa em Eragny sur Epte.

Jardins que percorria em suas caminhadas ao longo do Epte, rio discreto que flui entre árvores altas.

Teresa, que trabalhou no ateliê do Mestre, está em sintonia com o pintor, que registrou a natureza com devoção.

Ao desenhar os jardins de Eragny, onde vive, a artista dialoga com algum Eden possível.

Contrapondo-se à mostra anterior Até que meus dedos sangrem, esta exposição anuncia o retorno da

primavera, o respiro profundo nascido da observação da Natureza, a que sempre se renova.

Ao ver essas obras, esperamos que assim seja.

Maria Lucia Verdi

Eragny sur Epte, outono de 2022